GRUPO 6 - CASOS CLÍNICOS II

   UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

CURSO DE ENFERMAGEM

Disciplina: BIOQUÍMICA Prof. Dr. Luis Carlos F. Carvalho

CASOS CLÍNICOS II - GRUPO 6


 


1. Pentosúria: deficiência de xilitol desidrogenase. 

Pentosúria, erro inato do metabolismo dos carboidratos, caracterizado pela excreção urinária excessiva do açúcar xilitol. É causada por um defeito na enzima xilitol desidrogenase, pela qual o xilitol é normalmente metabolizado. Nenhuma deficiência é incorrida, e nenhuma dieta ou outras medidas são necessárias. A redução das propriedades da urina de indivíduos afetados pode causar confusão e tratamento desnecessário para diabetes mellitus, que não está relacionado à pentosúria. A pentosúria foi observada quase exclusivamente em pessoas de ascendência judaica. 


Epidemiologia

A patologia ocorre essencialmente nos judeus Ashkenazi com uma incidência estimada da mutação em heterozigotia de 1/79.

Descrição clínica

A pentosúria é benigna e não apresenta sintomas. A única característica biológica é a excreção constante de L-xilulose na urina que pode ser confundida com glicosúria.

Etiologia

É causada por mutações no gene < i> DCXR no cromossoma 17 que codifica para a L-xilulose reductase (ou L-xilitol desidrogenase), uma enzima que catalisa a conversão de 1-xilulose em xilitol. A transmissão é autossómica recessiva. 


 

Referência: https://delphipages.live/pt/saude-e-medicina/condicoes-e-doencas/pentosuria 

2. Ácido glucurônico: significado fisiológico da formação de glucoronídeos. Ácido Glucurônico 

Este ácido é naturalmente produzido no fígado, e faz a patrulha das toxinas corporais. Ajuda o corpo a eliminar drogas inatas, poluentes da dieta, toxinas ambientais e lixos corporais como bilirrubina, oxida ácidos lipídicos, excesso de colesterol e excesso de hormônios. Uma vez que o ácido glucuronico se liga a essas moleculas, as toxinas são excretadas do corpo. 

Ácido glucurônico também é convertido em glucosamina, que é a base do sistema esquelético, promovendo força e lubrificação para as juntas, construindo cartilagem, aumentando a densidade do colágeno e lubrificando todo o sistema para se mover suavemente. 

Referência:https://profissaobiotec.com.br/a-bioquimica-por-tras-do-kombucha-e-dos-aliment os/ 

3. Substâncias dos grupos sanguíneos. 

Os seres humanos apresentam quatro grupos sanguíneos: 

o Grupo A: Possuem antígeno chamado aglutinogênio A; 

o Grupo B: Possuem antígeno chamado aglutinogênio B; 

o Grupo AB: Possuem os dois antígenos, aglutinogênio A e B; 

o Grupo O: Não possuem nenhum dos dois antígenos. 

Reconhecendo a presença de aglutininas e aglutinogênios, fica claro que alguns tipos sanguíneos não são compatíveis com outros. Ao colocar sangue A em uma pessoa de tipo sanguíneo B, a aglutinina anti-A aglutina as hemácias do doador. Isso também ocorrerá se sangue B for colocado em uma pessoa de sangue tipo A, a qual possui anticorpos anti-B. O sangue AB não possui aglutininas em seu plasma e, portanto, pode receber sangue de pessoas de qualquer tipo sanguíneo. Já a pessoa de sangue tipo O não pode receber sangue de nenhum outro tipo sanguíneo, uma vez que possui aglutinina anti-A e anti-B. 

Podemos concluir que o sangue tipo O é um doador universal, uma vez que não possui aglutinogênio, entretanto, só pode receber sangue tipo O. O sangue AB, por sua vez, é receptor universal, pois pode receber sangue de qualquer tipo, porém só pode doar para ele mesmo. 

Referência: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/biologia/o-que-e-sistema-abo.htm

 

4. Carboidrato marcador comum do direcionamento lisossomal e doenças da célula I. 

As glicoproteínas são proteínas que possuem ligações covalentes a uma ou mais cadeias de oligossacarídeos (polissacarídeos pequenos). Essas cadeias são bem heterogêneas, influenciando no dobramento e na estabilidade da proteína e acabam gerando informações sobre o destino dela. Será um local de alto reconhecimento e afinidade por outras proteínas. As glicopreoteínas normalmente são encontradas na superfície externa da membrana plasmática, no sangue, na matriz celular e a são a maioria das proteínas secretadas. Podemos encontrá-las também dentro das células, em grânulos de secreção, nos lisossomos ou no complexo de Golgi. 

Em um processo pós-tradução, a proteína pode sofrer algumas modificações, uma delas é chamada de glicosilação. Ocorre com alguns tipos de proteínas, por exemplo, algumas extracelulares ou que possuem segmentos extracelulares. Quase metade das proteínas de mamíferos é glicosilada, inclusive a maioria das que estão presentes no sangue. As proteínas possuem oligossacarídeos ligados covalentemente a resíduos de Asp, Ser/Thr. Aos poucos, vêm sendo descobertas quais as vantagens dessas proteínas sofrerem esta modificação. 

Abaixo algumas funções do acréscimo das cadeias de carboidrato: 

Mudanças nas propriedades físico-químicas como o aumento da solubilidade proteica, através da adição de açúcares com a estrutura hidrofílica. Pode alterar viscosidade, conformação, locais de ligação e desnaturação. 

Quando em uma região da proteína se agrupam cadeias de carboidratos carregadas negativamente, leva a uma estrutura em bastão, pela repulsão de cargas. Quando uma proteína sai do retículo endoplasmático e é encaminhada ao complexo de Golgi e lá sofre modificações, essas cadeias de oligossacarídeos auxiliarão como marcadores do destino das proteínas na célula. 

Muitas vezes existem as ações biológicas; São mediadoras entre a célula e a matriz celular; Agem nas secreções, nas migrações intracelulares e na inserção das membranas. Protegem contra a proteólise, mas também marcam as mal dobradas para a degradação. Exemplos de glicoproteínas: 

Muitos hormônios como o folículo-estimulante, gonadotrofina coriônica e luteinizante presentes nas mulheres; imunoglobulina e as diversas secreções presentes nos tecidos mucosos. 

As glicoproteínas sulfatadas como componentes das membranas basais: laminina e estatina (esta última se liga a primeira na composição). 

Envolvidas na adesão celular como a tenascina, encontrada particularmente no tecido embrionário 

Referência: https://www.infoescola.com/bioquimica/glicoproteinas/ 

 

5. Aspartilglicoslaminúria 

A aspartilglicosaminúria (AGU) é uma doença de sobrecarga lisossomal autossómica recessiva pertencente ao grupo das oligossacaridoses (também designadas glicoproteinoses), que raramente é encontrada fora da Finlândia. Esta patologia resulta da deficiência de N-aspartilglicosaminidase, uma enzima que cliva a ligação

N-acetilglicosamina - asparagina existente em muitos glicopéptidos e nas proteínas N-glicosiladas. Como consequência verifica-se uma acumulação nos tecidos e excreção aumentada na urina de glicoasparagina.  

O modo de transmissão é autossómico recessivo. Os sinais clínicos incluem atraso de desenvolvimento, iniciando-se com fraca coordenação dos movimentos finos, atraso da linguagem e hipercinésia, dismorfia facial e cifoscoliose ligeiras. A hepatosplenomegalia é rara é só está descrita nos casos não-finlandeses. 

Em termos bioquímicos, caracteriza-se pela excreção urinária aumentada de aspartilglicosamina detectada através de cromatografia de aminoácidos ou oligossacarídeos.  

O diagnóstico é confirmado através da determinação de uma baixa actividade da N-aspartilglicosaminidase em linfócitos, fibroblastos, amniócitos ou no trofoblasto. O gene localiza-se no cromossoma 14q32-q33. Na Finlândia, existem duas mutações mais prevalentes (AGUfin major e AGUfin minor) responsáveis por 98% dos alelos da doença, permitindo o rastreio sistemático de indivíduos heterozigóticos. Nas outras localizações geográficas, as mutações são muito heterogéneas. A única tentativa de tratamento actualmente é o transplante de medula alogénico, mas os resultados em 5 doentes finlandeses foram limitados. 


 

Referência: https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Lng=PT&Expert=93 

6. Doenças de glicolipídeos. 

Um grupo de doenças genéticas humanas surge de deficiências em hidrólises, que agem predominantemente em substratos glicolipídicos, resultando em acúmulo de produtos de glicolipídeos e gângliosídeos. Os sintomas clínicos Associados a cada um dos glicoconjugados podem variar muito. Entretanto, devido a preponderância de lipídios no sistema nervoso, tais doenças frequentemente tem neurodegeneração associada e severa deterioração mental e motora. 

Defeitos Enzimáticos na Degradação de Glicolipídeos 

Tay-Sachs — β-Hexosaminidase A 

de Sandhoff — β-Hexosaminidases A e B 

GM1 gangliosidose — β-Galactosidase 

Sialidose — Sialidase 

de Fabry — α-Galactosidase 

de Gaucher — β-Glucoceramidase 

de Krabbe — β-Galactoceramidase 

Leucodistrofia metacro-mática — Arilsulfatase A (cerebro-sídeo sulfatase) Referência: Manual de Bioquímica com Correlações Clínicas,THOMAS M. DEVLIN. 

7. Heparina é um anticoagulante. 

A heparina é um polissacarídeo polianiônico sulfatado pertencente à família dos glicosaminoglicanos. É composta por unidades dissacarídeas repetidas compostas por ácido urônico e um açúcar aminado. Possui ação farmacológica atuando como medicamento anticoagulante utilizado em várias patologias. 

O especialista explica que existem dois tipos de heaprina: a heparina não fracionada (HNF) e a heparina de baixo peso molecular (HBPM). Com indicações similares, a diferença entre elas é que a HBPM tem esquema de administração simplificada, resposta às doses mais confiável, além de menores efeitos colaterais. Devido às suas características, elas só podem ser comercializadas sob receita médica.

A heparina possui boa farmacocinética, ou seja, ao ser administrada pelas vias intravenosa ou subctânea, ela é rapidamente distribuída pelos tecidos por meio da corrente sanguínea. O seu efeito é quase que instantâneo (mas pode ser mais lento entre pacientes com idade superior a 60 anos). A sua biotransformação ocorre nas células (sistema retículo endotelial) e no fígado, mas seu processo de metabolização ainda é desconhecido. Após cumprir sua tarefa, ela é excretada, em parte, pela urina. Quanto à farmacodinâmica, ou mecanismo de 

ação, o fármaco inibe as reações que levam à coagulação do sangue e à formação de coágulos. Para esse fim, a heparina se liga a várias proteínas, em es. 

Referência: 

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2021/01/19/heparina-mais-usada-em-hospi tais-trata-coagulos-e-evita-mortes.htm 

 

8. Condrodistrofias devidas a defeitos de sulfatação. 

Condrodistrofia é uma condição na qual a cartilagem epifisária dos ossos longos ossifica prematuramente e, consequentemente, os membros param o crescimento antes da maturidade. 

A síndrome de Schwartz-Jampel (SJS) é caracterizada por miotonia e anomalias osteoarticulares.

 


 

Epidemiologia

Até ao momento existem 100 casos descritos na literatura. As manifestações clínicas aparecem pouco depois do nascimento.

Descrição clínica

A miotonia resulta em fácies característica com blefarofimose e surgimento de face enrugada. Também foi descrito inserção baixa das orelhas, anomalias externas das orelhas e micrognatia. A mobilidade limitada das articulações origina marcha instável. A rigidez das articulações é progressiva, atingindo o seu máximo na adolescência. São frequentemente observados achatamento dos corpos vertebrais, displasia da anca, abaulamento das diáfises e epífises irregulares. O quadro clínico inclui também baixa estatura, hirsutismo, miopia e testículos pequenos.

Etiologia

A transmissão é autossómica recessiva. O gene causal para a SJS, HSPG2 (1p36), codifica o perlecano, um componente importante da matriz celular.

Métodos de diagnóstico

A electromiografia revela miotonia e as anomalias osteoarticulares são visíveis nas radiografias. A deficiência do perlecano pode ser detetada por análise imunocitoquímica da biopsia de pele e de músculo ou por análise de culturas de fibroblastos.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial deve incluir a síndrome de Stuve-Wiedemann (ver este termo), que difere da SJS pelo tipo de anomalias esqueléticas descritas e o seu prognóstico precoce mais grave. As formas graves da miotonia congénita e a miotonia associada com mutações de canais de sódio devem também ser consideradas no diagnóstico diferencial.

Controlo da doença e tratamento

O tratamento da miotonia é problemático, mas estudos sugerem que carbamazepina origina melhoria dos sintomas.

Prognóstico

A doença parece estabilizar após a adolescência.

Referência:https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/Disease_Search.php?lng=PT&data_id=215&Disease_Disease_Search_diseaseType=ORPHA&Disease_Disease_Search_diseaseGroup=800&Malattia(e)/%20gruppo%20di%20malattie=Condrodistrofia-miotonica&title=Condrodistrofia-miotonica&search=Disease_Search_Simple

 

9. Mucopolissacaridoses. 

As mucopolissacaridoses (MPS) são desordens metabólicas hereditárias e progressivas causadas por Erros Inatos do Metabolismo (EIM) que levam à deficiência da função de enzimas que atuam nos lisossomos celulares. Tais enzimas estão envolvidas na degradação de glicosaminoglicanos (GAGs), antigamente conhecidos por mucopolissacárides. Os GAGs (açúcares ligados a uma proteína central) não metabolizados acabam por se acumular nos lisossomos de diversos tecidos e órgãos, ocasionando alterações morfológicas e funcionais sistêmicas. 

Os principais sinais e sintomas da doença são comprometimento ósseo, articulares, vias respiratórias, sistema cardiovascular, alguns afetam o sistema nervoso (incluindo alteração cognitiva) primariamente e outros secundariamente. O início dos sintomas se dá com alguns meses de vida, com piora progressiva do quadro clínico de forma crônica. 

Após suspeição clínica, o diagnóstico é feito por exames laboratoriais específicos, incluindo dosagem urinária de GAG, dosagem da atividade enzimática específica e, em alguns casos, teste molecular para detecção da mutação patogênica no gene que codifica a enzima alterada, além de estudo de portadores assintomáticos da mutação para fins de aconselhamento genético. 

Existem 6 tipos de MPS, cuja classificação varia conforme a enzima defeituosa envolvida, a qual é codificada por um gene específico. A nomenclatura segue uma numeração sequencial conforme descrição da doença, bem como o nome do cientista que primeiro descreveu. Seguem abaixo com as incidência médicas internacionais. 

Tipo I – Síndrome de Hurler (H), Hurler-Scheie (HS) e Scheie 

Incidência: 1:46.000 a 1:130.000

Enzima: Alfa-iduronidase 

Fenótipos clínicos: A maioria dos pacientes apresenta rigidez articular, hepatoesplenomegalia, opacidade de córnea, deficiência intelectual nas formas graves da doença (H e HS). 

Tipo II – Síndrome de Hunter 

Incidência: 1:36.000 a 1:132.000, recém-nascidos do sexo masculino. A forma grave é mais frequente, que possui comprometimento neurológico primário 

Enzima: Iduronatosulfatase 

Fenótipos clínicos: Existe um espectro de gravidade das manifestações clínicas, lesão cutânea nodular em dorso, braço e coxas, são achados característicos e opacificação de córnea e/ou giba toracolombar. 

Tipo III - Síndrome de Sanfilippo (inclui 4 subtipos) 

Incidência: 1:24.000 a 1:280.000 

Enzimas: Heparan N-sulfatase, alfa-N-acetilglicosaminidase, acetil-coA Fenótipos clínicos: Existe um espectro de manifestações clínicas, mas todos apresentam alteração neurológica importante, sendo adoença somática mais leve. 

Tipo IV – Síndrome de Mórquio 

Incidência: 1:25.000 a 1:165.417 

Enzimas: Galactose 6-sulfatase e Betagalactosidase 

Fenótipos clínicos: Variável, mas a principal característica é o envolvimento esquelético. 

Tipo VI – Síndrome de Maroteaux-Lamy 

Incidência: 1:88.222 a 1:1.298.469. 

A frequência no município de Monte Santo na Bahia é cerca de 1:5.000, a maior descrita mundialmente. 

Enzima: Arilsulfatase B 

Fenótipos clínicos: Caracterizadas por inteligência normal e envolvimento somático grave. Umas das principais complicações é a compressão da medula cervical. 

Tipo VII – Síndrome de Sly 

Incidência: 1:1.298.469 a 1:1.985.000 

Enzima: Beta-glicuronidase 

Fenótipos clínicos: Variável. Alguns casos são semelhantes à Síndrome de Hurler. Na forma juvenil a inteligência é normal e não ocorre opacificação significativa da córnea. 

O tratamento envolve diversas especialidades médicas e outros profissionais da saúde, visando o controle das complicações da doença, exigindo equipe multidisciplinar direcionado para todas as comorbidades presentes. Para alguns tipos de MPS há tratamento específico, como a terapia de reposição enzimática e transplante de medula óssea. 

No Serviço de Genética Médica do HUPES é realizado o atendimento desses pacientes, desde a etapa de diagnóstico ao tratamento.

Referência: 

https://genetica.hupes.ufba.br/mucopolissacaridoses-mps#:~:text=As%20mucopolissacarido ses%20(MPS)%20s%C3%A3o%20desordens,que%20atuam%20nos%20lisossomos%20cel ulares


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